quinta-feira, 31 de maio de 2007

rach 2


S. Rachmaninoff, Concerto para Piano e Orquestra nº 2
Piano, Nelson Freire
(dedicado a Nívea Samovar)

Olga Prats

Olga Prats um Piano Singular - Conversas com Sérgio Azevedo


A música deu-me forças e independência. Nunca me faltou (...)

Quem quiser ler o resto da notícia está tudo aqui.

Evgeny Kissin


L. v. Beethoven, Rondo a capriccio, Op.129 ('Rage Over A Lost Penny')
(dedicado a Nívea Samovar)

quarta-feira, 30 de maio de 2007

carne de emoção

Os nossos escritores e artistas são incapazes de meditar uma obra antes de a fazer, desconhecem o que seja a coordenação, pela vontade intelectual, dos elementos fornecidos pela emoção, não sabem o que é a disposição das matérias, ignoram que um poema, por exemplo, não é mais do que uma carne de emoção cobrindo um esqueleto de raciocínio.

Fernando Pessoa, Textos de Intervenção Social e Cultural - O caso mental português, 1932

subordinação inconsciente e feliz

O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela - em segui-la pois mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz.
A síndroma provinciana compreende, pelo menos, três sintomas flagrantes: o entusiasmo e admiração pelos grandes meios e pelas grandes cidades; o entusiasmo e admiração pelo progreesso e pela modernidade; e, na esfera mental superior, a incapacidade de ironia.

Fernando Pessoa, Textos de Intervenção Social e Cultural - O provincianismo português, 1928

terça-feira, 29 de maio de 2007

Novo ensino especializado da música (10)

Para os mais desatentos, distraídos, alheados ou simplesmente "músicos", remeto as leituras do assunto acima apresentado para aqui, para aqui, para aqui e para aqui.

"una imagen vale por mil palabras"

Uma verdadeira delícia o filme que Teresa me convidou a ver.
Também eu, não sou particularmente devoto de John Cage, mas a genialidade deste compositor (inventor de coisas, diria Schoenberg) vê-se nas suas múltiplas facetas (nos seus textos filosóficos por exemplo).
Vejam tudo aqui!

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Novo ensino especializado da música (9)

Como já devem ter reparado os leitores deste blog coloquei aqui ao lado um espaço denominado Tónica Dominante (1) onde reponho alguns textos, citações na maior parte das vezes, da primeira versão do Tónica Dominante. Desta vez julgo ser oportuno referir que a citação de Richard Wagner escolhida é dedicada à equipa dos “sábios” artífices que elaboraram o famoso relatório do ensino artístico. Sendo assim, uma vez que os textos aí publicados [Tónica Dominante (1)] são rotativos e porque toda a dedicatória deve ser sublinhada e de merecido mérito, deixo aqui de novo as palavras de Richard Wagner.

“UTOPIA! UTOPIA!” Já oiço gritar os nossos sábios e os que tratam de adocicar a barbárie do Estado e da arte contemporâneos, ou seja, as pessoas ditas práticas, que no exercício da sua prática quotidiana se entregam continuamente à mentira e à violência ou, no melhor dos casos, quando lhes resta alguma honestidade, à ignorância.
Richard Wagner, A Arte e a Revolução, 1849

sexta-feira, 25 de maio de 2007

A Música & os Animais

Passemos agora à Música...
...Não podemos duvidar de que os animais não gostam de Música & não a praticam...
...Não só isto é evidente, como parece que o sistema musical é diferente do nosso...
...É uma outra escola...

Erik Satie, A Música & os Animais

in a landscape


John Cage, In a landscape (for Piano or Harpe Solo), 1948

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Novo ensino especializado da música (8)

Por mais do que uma vez já reconheci que este assunto me faz mal...

No entanto acho que mais algumas palavras (para além das tiradas irónicas) podem ser escritas no já longo processo que é este da degradação do Ensino Especializado da Música. E porque ele ainda há quem realmente se vá mexendo e preocupando com estes assuntos: Ideias Soltas, Artimanha, Diário de Bordo, Ali_se, Movarte, Para lá das paredes entre outros...

Mais do que algumas das questões abordadas no tal Relatório, Ensino Integrado, o fim do regime Supletivo, as “crenças” do modelo aula individual e o estudo desde tenra idade, mais do que tudo isso, a questão que mais me revolta é que não há outro motivo sério para este ataque que não seja o de uma perspectiva fundada em critérios exclusivamente economicista. Há que poupar! E há áreas mais adequadas (frágeis) do que outras, o caso do Ensino Público, Genérico e Especializado, pois claro. No Ensino Genérico, depois dos vários ataques a que os professores foram sujeitos (Estatuto da Carreira Docente, por ex.), já tudo anda entretido a discutir quem vais ser ou não titular, quem leva mais papeis debaixo do braço, quem apresenta um ar mais ou menos ocupado, enfim, tudo menos aquilo a que os alunos têm direito, ou seja, a professores reivindicativos, competentes cientificamente (antes das abordagens pedagógico-didácticas), em suma, a um ensino público de qualidade. Sinto-me muitas vezes envergonhado de pertencer a uma classe assim, a dos professores! Tanto barulho em dois dias de greve e depois pouco ou nada mais aconteceu, tudo enfia a viola no saco e deixa ver o que vem a seguir...
No Ensino Especializado a coisa é mais circunscrita mas nem por isso menos grave! Senão vejamos, a degradação deste tipo de ensino não começa com este relatório, é que nem por sombras! Este processo kafkiano contra o ensino (caro) especializado já tem alguns anos e já aqui foi referido inúmeras vezes. Aliás este Relatório surge na altura certa, em cima de uma classe de professores desorientada há já muito tempo, cansada e muitas vezes sem motivação, para não falar do vínculo precário que prende esta gente às escolas. Assim é fácil dar a machadada final neste tipo de Ensino!
Mas voltando ao Relatório, se este fosse sério, que não me parece, muitas das questões lá abordadas revestiam-se da maior importância – o Ensino Integrado, por exemplo, como um modelo a seguir, mas fundamentado e construído em pilares bem assentes, sem cortes no número de disciplinas e tempos lectivos, mantendo ou melhorando a qualidade das mesmas, nomeadamente aquelas que só podem ser individuais por não haver outra forma. Se assim fosse, muito bem, mas aquilo que se prepara não é definitivamente isto, mas sim um desmembramento gradual (ou não) da realidade musical que tem caracterizado a maior parte dos estabelecimentos de Ensino Especializado da Música deste país. O que não é democrático é a anulação, ou pretensão a, dos outros sistemas de frequência destas escolas, o regime Supletivo e Articulado. A coexistência dos três tipos de frequência só traz vantagens pela diversidade de realidades e ambições que assim se vive dentro das escolas. Mas do que estamos a falar, em cinco das escolas públicas de ensino especializado – Porto, Aveiro, Coimbra, Conservatório Nacional e Instituto Gregoriano –, é da imposição de um regime Integrado (em exclusividade) em escolas que pouco ou nada sabem sobre esse sistema de frequência. Nunca tiveram qualquer outra experiência que não fosse a de formar alunos em regime supletivo e articulado (mais recente) e os resultados, apesar de muitos problemas, estão à vista! Acho que não é preciso dizer que a maior parte dos músicos deste país formados nestes estabelecimentos frequentaram as suas aulas em regime supletivo. Volto a repetir que nada tenho contra o regime Integrado como modelo a seguir – até porque trabalho no único estabelecimento do país de Ensino Público com regime Integrado (mas não em exclusividade) – mas a aplicação deste terá que convergir em remodelações internas das escolas, a todos os níveis, terá que contar com a participação activa dos profissionais da área (que não podem olhar tanto para seu umbigo) e, acima de tudo, esta ambição de mudança de um sector que precisa de ser mexido, não pode ser fruto de uma encomenda cara (essa sim, foi cara com certeza!) a uma equipa de pretensos “especialistas”, porque afinal de contas fomos nós todos que pagámos este enfadonho e malévolo relatório.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Twenty-four?

Schoenberg always complained that his American pupils didn’t do enough work.

There was one girl in the class in particular who, it is true, did almost no work at all. He asked her one day why she didn’t accomplish more. She said, “I don’t have any time.” He said, “How many hours are there in the day?” She said, “Twenty-four.” He said, “Nonsense: there are as many hours in a day as you put into it.”

John Cage

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Novo ensino especializado da música (7)

(...) Sejamos claros quanto às «crenças»: o ensino supletivo é a regra em países com uma produção abundante e de qualidade de artistas e é aquele no qual se formou a esmagadora maioria dos músicos portugueses. Foi em aulas individuais que se formaram quase todos os músicos de todo o mundo. Quanto ao ensino em tenra idade, está abundantemente fundamentado na sua importância em todas as áreas, mas em especial no ensino artístico. (...)

Jornal Avante, Uma herança de carências e desorientação - O ensino artístico especializado sob ameaça

in C


Terry Ryley, in C, 1964

Novo ensino especializado da música (6)

- Democratizações da Arte - Entrevista com Jorge Ramos, membro da equipa que produziu o famoso relatório "Estudo de Avaliação do Ensino Artístico"!
- Dúvidas e esperanças de um novo modelo de Gisela Pissarra.
- Mais um estudo e depois...? de Luísa Mesquita

Está tudo aqui na revista Obscena nº 4

domingo, 13 de maio de 2007

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Fim do Ritornello

Ao que parece o Ritornello, programa da Antena 2, acabou!
Mas alguém me perguntou alguma coisa?
Ando eu ando a pagar (nos meus impostos) este serviço de estação de rádio e agora tiram-mo à bruta!
Será que tudo que é bom acaba neste país? Não é preciso dar exemplos pois não?
Quem quiser saber todos os contornos desta palhaçada está tudo bem explicado aqui.

Novo ensino especializado da música (4)

"As aulas em grupo têm muitas vantagens que permitem às crianças desfrutar das experiências que a música lhes proporciona, como conhecer amigos, desenvolver o trabalho em grupo e penetrar na compreensão da música tocando em “Ensemble”. Com esta finalidade, a Yamaha adoptou um método pelo qual os estudantes podem escutar e tocar em grupo (Ensemble), aprendendo música ao mesmo tempo que se divertem".

Texto introdutório dos futuros novos programas de Instrumento
(a adoptar a partir do Ano Lectivo 2007/2008 nas Escolas de Ensino Especializado de Música)

Novo ensino especializado da música (3)

"Uma análise quantitativa da população que frequentou o Conservatório mostra uma fortíssima quebra de alunos, inicialmente associada a uma política de contenção da oferta, apresentada no ano de 1930, mas que se aprofundaria até à década de 70. A diminuição de efectivos constituiu um impressivo retrocesso relativamente a todos os outros ramos de ensino que cresceram, em igual período e como nunca até aí, de uma forma sustentada. O estudo histórico mostra que se deve discutir a partir daqui a consolidação de práticas didáctico-pedagógicas específicas à instituição. A nossa ideia é que o abaixamento dos alunos teve como resposta organizacional mais óbvia o aprofundamento da necessidade de um regime de ensino individualizado da Música. Os dados de que dispomos apontam no sentido da manutenção e da prevalência de práticas de ensino colectivo até aos alvores do século XX: os professores podiam leccionar a várias secções no mesmo dia, mantendo-se inclusive o recurso a decuriões".

Estudo de Avaliação do Ensino Artístico, Mito Do Ensino Individualizado, Fevereiro 2007

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Siga o meme!

O Carlos A. A. (Ideias Soltas) enviou-me este meme* e agora há que reenviar enquanto está quentinho!
Dizem que são seis...

(*) Um “meme” é um ”gene cultural” que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma”.

(...) a métopla do templo, com o seu fixo, restrito quadro, leva o artista a concentrar-se, a exprimir o máximo de ideias no mínimo de figuras e gestos. Por outro lado, é inegável que a obra extensa é pouco acessível àqueles mesmos que mais precisam de cultura, que duas ou três frases, esplêndidas no seu isolamento, enérgicas e nítidas, lhes ficam mais gravadas no espírito do que longos monólogos. De resto quantas obras se não resolvem numa série de aforismos? (...)

Agostinho da Silva, Considerações e Outros Textos - A Vantagem do Aforismo

... e os seis são oito: o Vítor I., o Rui, a Ana C., a Teresa, o Rogério, a Paula e o Rui, a io e o Pedro.

V Festival de Música da Escola Superior de Música de Lisboa

V Festival de Música da Escola Superior de Música de Lisboa
14, 15 e 16 de Maio, no São Luiz – Teatro Municipal

Informação completa está aqui.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Posts e Comments antigos

Já que estamos nesta onda de transformação do ensino especializado da música...
no Tónica Dominante (1ª versão) este modelo de ensino era "muito pouco"; nesta versão actual passamos de "cada vez menos" a "nada"; e agora estes posts da Sónia A. - "Novo ensino especializado da música" a juntar ao ramalhete!
Para quem estiver ainda interessado nos posts e comments da série "muito pouco" da primeira versão do TD, eles estão aqui.

Novo ensino especializado da música (2)

Proponho que se mudem os nomes dos Conservatórios deste país para Escolas de Ensino (nada) Especializado.

Novo ensino especializado da música (1)

Os programas e metodologias das disciplinas de música, como muito bem notaram os autores do famoso Relatório, estão caducos, cheiram a pó e a mofo:

"O currículo das escolas do ensino especializado da Música e os seus programas estão desactualizados sendo, nalguns casos, considerados obsoletos. De facto, pelo menos alguns dos programas existentes e em vigor são de 1930 (!) estando obviamente inadequados à realidade sob muitos (todos?) pontos de vista (e.g., pedagógico, didáctico, artístico, formação musical)."

Tomemos como exemplo a disciplina de Formação Musical:

"Constatou-se também que os conteúdos de certos programas, como o de Formação Musical, estarão mais apropriados para uma abordagem à alfabetização musical do que a uma abordagem à cultura musical, como parece ser recomendável actualmente."

Isto é inconcebível, sinal de um atraso quase irremediável!
O que nos vale, é que o ministério está atento...

2 be continued

O post anterior continua no Artimanha.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Morte anunciada da Educação Artística

“Tudo deve ser discutido. Sobre isso não há discussão”
Pitigrilli

Porque ele ainda há quem tenha força e coragem...
Sobre isto fala-se aqui e também aqui.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Browsers

Hoje vi pela primeira vez este blog noutros browsers...
Incrível!
No Internet Explorer aparecem-me coisas deste género:

Tónica Dominante = Té¯nica Dominante
Em audição = Em audição
Música = Música
Para além deste tipo de coisas há também as músicas para ouvir, as do lado direito em cima, que não aparecem (só aparece o título, tipo Johann Sebastian Bach, Suite No. 2 in A minor, BWV807 - Bourée I/II, Ivo Pogorelich)...

Fiquei espantado. Pensei, se toda a gente que usa este programa vê assim o blog então o melhor é nem ver! Ou passam a usar um browser decente, ou dão para peças o seu pc e compram um computador a sério, ou então, a solução mais sensata e barata, deixam de ver este blog!